Algumas impressões sobre o amor

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."

Guimarães Rosa


"Por falta de vontade, me apaixono; e assim me cumpro."
Agostinho da Silva

E para não dizer que eu não lembrei da minha prima... primavera...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

E que essa primavera nos traga muitos dias azuis, sol e amor nos nossos corações.

Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez...

Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar...

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer...

Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender...


Então são esses os meus votos para as suas respectivas primaveras.

E para não dizer que eu não falei de coragem...

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem querbradas.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.


(Carlos Marighella)

domingo, 21 de setembro de 2008

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar

Miedo que da miedo del miedo que da
El miedo en una sombra que el temor no esquiva
El miedo as una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dotor

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa onde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de ecnontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
Medo circulando nas veias ou em rota de colisão
Medo é de deus ou do demo? É ordem ou é confusão?
O medo é medonho
O medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara, medo de encarar
Medo de calar a boca, medo de escutar
Medo de passar a perna, medo de cair
Medo de fazer de conta, medo de iludir

Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo que dá medo do medo que dá
Medo que dá medo do medo que dá

(Miedo - Pedro Guerra/Lenine/Robney Assis)

Pensamentos nefastos numa noite apática.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ontem eu tomei um bolo - quem sabe um fora, quem sabe - o que me fez acordar com pensamentos esquisitos hoje, que refletiram em várias coisas durante o meu dia. Cada merda que acontece, eu decido de uma vez por todas que não vou pensar demais, que vou deixar rolar, mas não adianta, eu sou do tipo idealista mesmo e fico confabulando como será meu sábado, meu domingo, enfim. E detesto quando eu estou cheia de expectativas pra alguma coisa e a mesma dá errado, enfim, que o diga meu braço dolorido de carregar tantas apostilas para concurso, o pior é o desperdício de tantas boas intenções, mas voltando ao ponto principal do que eu gostaria de desabafar pro mundo...

Eu tava olhando o orkut da última pessoa que me aturou na vida durante um tempo considerável - considerando que eu não mudei muita coisa dos 16 anos para cá - e por um momento eu invejei mesmo a felicidade dele com a atual namorada dele, burrinha, mas bonitinha. Invejando mesmo, sem tirar nem por. Invejando o quanto que ela está próxima da família dele, os sorrisos, a burrice dela. Tive vontade de experimentar ver se acaso eu procurasse ele de repente, se ia mudar alguma coisa, destruir a felicidade deles (ou me enfiar num buraco sem fundo, se caso ele preferisse a "burrinha, mas bonitinha" dele), mas lembrei que nos magoamos muito e que eu fui realmente brutal nas coisas que fiz, no que fiz ele passar, a desmoralização dele na frente dos amigos, muita coisa chata.

Juntando os acontecidos nessa época, e fazendo um balanço com a quantidade de foras sutis ou estarrados que eu tomei esse ano, eis que eu penso: será que eu sou um peso? O que há de tão pesado em mim, mesmo quando eu fico cheia de firulas em dizer o que penso, o que sinto, como agir e outras coisas. Cansei de ouvir que eu sou "demais" me olhando no espelho e vendo uma pessoa normal, com inclinações tanto ao extraordinário quanto ao fútil, quando ao meu redor muitas pessoas fúteis, fracas, fáceis e feias (não num sentido estético) vivem ostentando sorrisos e esfregando em minha cara espólios de conquistas como se eu não fosse capaz de conseguí-los, e no fundo acho que realmente perdi essa capacidade.
Falo do coração? Falo sim. Não que seja algo crucial vida-ou-morte, mas é que apesar de me prometido que não ia dar tanta atenção a isso, na medida em que a quilometragem sobe, a auto-estima desce, sendo que a quilometragem sobe num sentido da busca, da procura da tão almejada paz.

Tento ser legal, ser carinhosa, atenciosa, me forço a fazer coisas que não são da minha natureza, mas no dia seguinte tenho que me contentar com o vazio, com olhar o celular 5 mil vezes por minuto e ver que nada acontece, e sentir a alma murchar, murchar, murchar. Devo ser realmente uma pessoa muito azarada, ou estar cumprindo um carma desgraçado de outra vida, mas não sei, sem querer ser determinista ou apocalíptica, talvez minha paz deva ser buscada por outros meios que não sejam uma quietude de coração. Porque quando eu penso que engata, de repente (vide postagem anterior, todo prafrentex), faltando uma hora pra engatar, tudo dá errado.

Em um momento de minha vida, cheguei a acreditar que tudo dava errado em questões sentimentais porque meu ex-namoradinho teria jogado uma praga daquelas que eu nunca mais encontraria alguém depois do que eu fiz com ele. E não sei, como sou meio masoquista, acho que ainda tendo a crer em algo nesse sentido. Mas hoje, vendo ele, vendo o sorriso dele com os dentinhos separados, me deu uma nostalgia barata daquelas que você quer estar no lugar de quem faz o seu passado sorrir, mesmo sabendo que a merda foi você quem fez... e por um momento, juro, que quis ser loura e burra, mas que ao menos tivesse a leveza que qualquer um precisa, ao invés de ficar me preocupando e medindo meus atos sem que eu perca meu quê de autenticidade e por isso mesmo, me tornando uma pessoa artificial.

Estou escrevendo essa postagem e ouvindo a trilha sonora de Elizabethtown, um filminho de Cameron Crowe. Não sou dada a comédias românticas, mas esse filme introduziu um conceito em minha vida que diz muito sobre minha situação, o de pessoa substituta. Aquela que está em algum momento da vida de alguém suprindo alguma necessidade que uma outra, ou algo, deixou, ou quando a necessidade é grande (me ajude com isso, veja isso pra mim, me faça um favor). É assim em casa, na rua, na chuva ou na fazenda. E já disse que não é uma visão determinista, nem que eu estou feliz em ser assim, não, me incomodo de não poder ser "eu, ser assustador" o tempo inteiro. Não fui feita para medidas, e não sei qual mundo me acolherá.

Constam nos astros, nos livros, nos búzios...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

...oráculos todos, e eu gosto deles. Gostam quando eles dizem "mudanças já, Marta!" ou "sua vida dará uma reviravolta" ou ainda "terás uma grande surpresa até o final da passagem da lua na órbita de plutão e pelos anéis de saturno", mas gosto mais ainda de quando os dispositivos de tecnologia móvel mediam informações do tipo "que tal quarta-feira?"

Mas, é legal, eles podem não ter esse poder todo de advinhação ou de profecia, mas pra quem acredita, eles têm um poder todo especial de transferir energia positiva para os caminhos a se seguir, especialmente quando profetizam algo de bom. Se o seu horóscopo diz que você vai "pegar seis" hoje, você se arruma toda e pode não "pegar" os seis, mas com certeza vai "pegar" um. E é o bastante para que você passe a acreditar neles e procurar pela ajuda deles todos os dias. Até quando a previsão não é tão boa, você dá o seu jeitinho, se resguarda, se preserva. Tudo faz parte.

Tenho tendências a acreditar em coisas sobrenaturais, metafísicas, esotéricas. Semana passada eu comprei um incenso chamado "Kama Sutra", com essências de Patchouli e Cravo. Devo admitir que ele funciona... sério! Sem detalhes sórdidos, mas é batata. Funciona talvez mais porque direciona nossa vontade para a nossa necessidade momentânea, e você compra um incenso pensando claro nas vantagens terapêuticas dele... mas funciona.

E a tecnologia móvel? A tecnologia móvel, na minha opinião, foi uma das invenções mais fantásticas da pós-modernidade, que permite que tudo que astros, os livros, os búzios e oráculos se confirmem por meio de uma única chamada que te faz sorrir durante um fim de semana inteiro. Não sei se meus oráculos são bonzinhos, se meu signo astrológico ajuda, ou se os planetas estão a meu favor, se os búzios estão marcados... mas quanto a previsões, esse ano, não tenho que me queixar. Profissional deslanchando, dinheiro (pouco, mas digno) e paixões, várias, à vista. Que em 2009 me venha tudo em dobro, olhe lá quem vai reorganizar esse mangue universal que nelhorou minha vida: eu juro que roubo o anel de Saturno e vendo na Feira do Rolo.

 
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