Eu vi meu sonho, e ele era lindo.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

De repente me vi em um lugar bonito, respirando um cheiro bastante familiar, algo que me lembrava casa, lar. Um cheiro de café passado, de banho tomado, de pão queimado... era manhã, e eu me arrumava para algum lugar com a destreza de quem o faz todos os dias. Não era novidade nenhuma para mim aquela rotina, e a única diferença era que eu me sentia feliz com ela.

Não havia ninguém em especial, nem nada em especial. Eu podia simplesmente virar o olhar e reconhecer todas as coisas que eu gosto e algumas outras que sempre quis ter ao meu redor, sem surpresas, porque eram minhas, eu já as tinha conquistado. Mas como eu estava feliz na minha mesmice! Sentei no meu divã e tomei minha xícara de café preto bem doce, de calcinha e sutiã porque o calor estava enorme, e de toalha na cabeça. Abri a internet e li as últimas notícias, abri meu messenger e lá estava uma mensagem do meu homem português dizendo que estava me esperando. Sim, dali a quatro meses e cinco dias eu estaria embarcando para Lisboa, para encontrar ele e finalmente colocar nossos pontos nos is. Outra mensagem, do outro amarelinho, dizendo que no final do ano estará aqui, eita nóis, mal chegarei de Lisboa já irei para a Ilha. Emails das minhas sobrinhas, dizendo terem saudades, e algumas lágrimas caem do meu olho nesse momento, por querer estar perto delas nesse momento tão especial que é o início de tudo. Mas enfim, respondo carinhosamente, a todos eles. Saio dali, gasto mais cinco minutos... só o tempo de contemplar aquela manhã da minha janela. Escolho uma roupa e saio. Bem bonita, claro.

Quando saio de casa, surpresa. Ninguém naquelas ruas de paralelepípedos. Pensei: hoje é domingo? Não pode, eu olhei o noticiário. É uma quarta-feira, e como todas as quartas-feiras, a rua deveria estar cheia de pessoas com caras de meio-de-semana. Enfim, segui andando, quartas-feiras são sempre inusitadas. Resolvi aproveitar as ruas vazias e ir ver o rio.

Na balaustrada, uma única pessoa. Um homem, lindo. Mas eu não conseguia olhar para ele como eu olho para todos os homens lindos, eu simplesmente sentia uma ternura tão imensa por ele como se ele já fosse verdadeiramente meu, e tive a sensação de que sem ele, eu não existiria ali naquele momento. Mas eu não o conhecia. Continuei minha andada, pedindo a Deus, claro, que ele não fosse nenhum algoz. Ele veio em minha direção e eu disfarçadamente mudei a minha, até que ele me chamou e disse "por que foges, eu só estou aqui por sua causa".

Naquele momento eu quase tive um colapso. Aquele homem lindo, naquele lugar típico, por quem eu tinha sentimentos afetuosos e uma possessão que eu não sabia explicar, olha para mim e me diz que só está ali por minha causa. Soltei um descrente "eu devo estar sonhando, só posso". O homem lindo, sorri docemente para mim e diz: "e você está. Eu sou teu sonho. E só vim até aqui hoje para que você me veja, veja o quanto você me deseja não só por eu ser bonito, mas por estar sempre pelo seu caminho, e por estar em todas as mínimas coisas que você faz e gosta, no cheiro do seu café, e até quando você queima seu pão e agradece por não ter quem reclame por isso. Estou aqui para dizer a você que eu estou lhe esperando, esperando por você que me abrace, me diga que você me quer e que vai lutar por mim, nem que seu esforço te esgote, enfim, minha recompensa para você nada, nada que você imagine poderá pagar."

Eu fiquei ali parada, em frente ao meu sonho, esperando que eu despertasse daquele sono, mas nada aconteceu. Ele me olhava e sorria, e eu olhava pra ele e não conseguia esboçar nenhuma reação exagerada, era como a reação comum de um cidadão diante de uma verdade absoluta. Não há como reagir, pois nada vai superar aquilo. Ele simplesmente me abraçou, beijou minha testa e seguiu pela esquina, sem dizer nenhum ' nos encontraremos novamente', ou algo parecido. Eu fingi não me inquietar com aquilo, mas não teve jeito, continuei ali, pensando. E de repente, quando o tempo ainda parecia parado, escutei uma galhofa de crianças correndo pela rua, alguns velhinhos e seu bom humor passavam por mim me desejando bom-dia, o ronco dos motores dos automóveis e a inquietação deles com os motociclistas, vozes familiares, outras não... e percebi que era hora de seguir em frente, pois nunca é cedo nem tarde para lutar pelo que a gente mais quer nessa vida.

Clichê, não? Mas o gostoso de viver é justamente saber que o que nós verdadeiramente queremos é o que está dentro do que nós verdadeiramente fugimos. E um dia, mais cedo ou mais tarde, por circunstâncias várias, nós descobrimos... e nem é tão ruim assim descobrir.




(Minha Kell, minha Bel, esse vai para vocês, digo... nossos sonhos lindos, grandiosos ou não... eles nos merecem).

domingo, 27 de abril de 2008

Se diz a palo seco
o cante sem guitarra;
o cante sem; o cante;
o cante sem mais nada;

se diz a palo seco
a esse cante despido:
ao cante que se canta
sob o silêncio a pino.

O cante a palo seco
é o cante mais só:
é cantar num deserto
devassado de sol;

é o mesmo que cantar
num deserto sem sombra
em que a voz só dispõe
do que ela mesma ponha.

...
A palo seco existem
situações e objetos:
Graciliano Ramos,
desenho de arquiteto,

as paredes caiadas,
a elegância dos pregos,
a cidade de Córdoba,
o arame dos insetos.

Eis uns poucos exemplos
de ser a palo seco,
dos quais se retirar
higiene ou conselho:

não de aceitar o seco
por resignadamente,
mas de empregar o seco

porque é mais contundente.

Trechos do poema do poeta e dilomata JOÃO CABRAL DE MELO NETO
A PALO SECO
( Quaderna - 1960 )


Quem gostar goste, quem aguentar aguente...à palo seco ..."não de aceitar o seco por resignadamente,mas de empregar o seco pq é mais contundente"...pq assim espero passar pela vida causando tanta dor qto necessariamente precise causar,sentindo tanta dor qto precise sentir...pq como disse outro intelectual,grande filósofo da minha vida de caloura,do meu início de maturidade,aquele q me acordou e, vez ou outra, ainda me acorda de meus sonhos infantís...rs...(lembra ,tinha?), como ele sabiamente,corajosamente diz:"...a vida é dor" (ARTHUR SCHOMPENHAUER)

Té mais.

*Ah,vale à pena ouvir a música de Belchior com esse mesmo nome da poesia de João Cabral de Melo Neto,inspirada nela por sinal,"à palo seco"...dela veio a inspiração pra esse post e também de minha vó me chamando se solteirona...rs...

Ah e tem uma história muto bonita sobre essa música de Belchior...parece q é uma resposta da turma de Belchior e o pessoal do nordeste menos pop,à Caetano e á Tropicália, é meio incerta essa história , mas se alguém souber melhor é só se pronunciar.

Abaixo,tem um vídeo de Elis lendo um trecho do poema A Palo Seco de João Cabral do Melo Neto num especial da TV Bandeirantes.








Verdades incovenientes e outras verdades.

sábado, 26 de abril de 2008

Às vezes eu acho que eu sou imã pro inusitado. Quando eu me dei conta, ontem, eu estava numa mesa com dois ex-namorados meus. Homens que eu posso dizer de boca aberta: me arreei aos quatro pneus. De um, fiquei muito, muito amiga da atual namorada. O outro, ao me permitir um contato à moda antiga anos depois, percebi (acho que foi meio recíproco) que nascemos um pro outro, apesar de sabermos nós dois que isso nunca vai ser possível.

Mas o que eu quero dizer com essa conversinha... O tempo muda tudo. O único que possui poder de transformar os sentimentos e fazer com que você olhe para trás tempos depois e se sinta ridícula – sendo que especialmente naquele momento, naquele dia, você acreditava que estava com a mais repleta razão do universo. O tempo teve o poder de me transformar de rainha soberana da situação em uma boba-da-corte de galocha. E eu percebi o quão desnecessário às vezes é ficar batendo em ponta de faca, perdendo dentes por coisas que sabemos que em mais tempo, menos tempo, vão passar, e vão ser motivo de, sei lá, riso, chacotas ou afins.

Voltando ao caso específico dele, incrível. Não sentia nada que lembrasse todo aquele amor cansativo que eu tinha, não, só conseguia lembrar nas nossas brincadeiras de mau-gosto, do tempo que perdíamos comentando sobre filmes, sobre música, de troca de conhecimento, e me diverti bastante em saber que nós nos conhecemos ainda! É, passaram-se anos, as configurações mudaram mas as convicções são as mesmas, o que significa que as pessoas são ss mesmas. Sem mitologias, acho que acreditar no Eterno Retorno é uma perda de tempo significativa. Mas eu pensar nisso agora, quanta hipocrisia, tanto que eu perco meu tempo pensando em ‘e ses’... Voltemos, pois, ao que interessa.

Gosto de dias saudáveis. Ontem nós rimos como nunca mais tinha rido antes, o que me levou a pensar que se eu pudesse, nunca teria deixado mudar nada, nem acontecer o que aconteceu, enfim. E relacionei esse fato com o meu presente, e vi que isso é típico em mim. Isso de botar tudo a perder. Isso de egoísmo. Mas paciência! A vida é minha, quem toma na cara sou eu, se eu aprendesse, seria ótimo, mas existe um quê de tesão em saber que amanhã isso que eu faço hoje pode me render bons momentos como o que eu tive, do que levar uma vida inteira na mesmice e não ter cometido nenhum errinho que me levasse a chorar, a questionar pela verdade das coisas, a questionar o porquê de tudo... Melhor do que levar as coisas numa possível neutralidade que não existe.

Vou lembrar de ontem com muito carinho para sempre. E espero que todos os outros erros que eu cometi me tragam momentos como esse num futuro breve... Onde só o que vai importar é a cadência da conversa e quantas ainda faltam para completar a tal da grade.

meu-amor-no-vem-entre-aspas

sexta-feira, 25 de abril de 2008


" Meu amor não vem entre aspas


Como ocorre toda a sexta-feira, a gente quase não trabalha. Não sei se são as calças jeans, ou o final de semana. Sexta-feira, ficamos todos mais íntimos. Nos visitamos, de sala em sala, nos sentamos nas mesas. Conversamos.

Um colega, que está fazendo mestrado, me pergunta se eu já li alguma coisa do Albert Camus. Camus, o que brigou com o Sartre. Sim eu li. Camus era uma leitura proibida na minha idéia de bom moço. Por isso eu li. Camus é meio chato. Meio amargo. Mas escreve de um jeito bonito. Nos perdemos num semi-debate sobre a indiferença em Camus e a ataraxia estóica. Nós também devemos ser meio chatos.

E amiga me pergunta se eu conheço a tal Madeleine Peyroux que vai se apresentar aqui na próxima terça. Sim, eu já ouvi alguma coisa. É mais uma nova Billie Holiday. Falamos sobre jazz, sobre blues. Sobre os vestidos das divas. Sobre as taças de champagne antigas, rasas e largas. Falamos de blinis e caviar. Prometo trazer minha receita de blinis.
Minha amiga suspira. E me olha de um jeito estranho. Pergunto o que foi. Ela diz que quem casar comigo vai ter muita sorte. Pergunto por que. Ela diz que é tão difícil encontrar um homem que conversa sobre tantas coisas. Diz que acha lindo homens que fazem citações. Ou que pelo menos conhecem os autores. Amor cortês. Por que eu sempre faço isso? Ou por que elas fazem isso comigo?
Devolvo-lhe meu melhor sorriso. E depois digo que, além de tudo, sou bom de cama e faço o café da manhã. Todo mundo ri. Melhor assim.
Falando sério.
Meu amor não vem entre aspas.
Eu não lembro quem escreveu os últimos cinco livros que eu li. Eu nunca sei quem é o diretor dos filmes que eu assisto. Eu nunca sei qual é a música.
Eu não tenho trechos do Neruda, do Pessoa, ou de qualquer outro poeta que impressiona as mulheres de 30. Nem o Caio Fernando Abreu me diz muita coisa. Não é que eu não ache o que eles escrevem bonito, ou que eu não entenda. Pelo contrário, eu entendo bem. Mas que eu não preciso das palavras deles. Eu tenho minhas próprias lembranças. Eu tenho aquela caixa de cartas.
Minha cultura é uma fraude. Minha memória é curta, seletiva, distorcida e convencida. E muito focada no meu umbigo, e no de quem estiver comigo.
Meu amor não vem entre aspas. Mas ele vem com todos os clichês.
Eu respeito os clichês do amor. Eu respeito os clichês em geral.
Eu sou um homem comum. E de verdade.
Eu sou um homem que traz flores de supermercado. E que traz junto o rancho da semana. E escolhe o pão com a pontinha torrada, porque é assim que tu gostas. Eu não sou um homem de grandes frases compradas, nem de jogadas ensaiadas. Sou um homem de dias da semana. Sou um homem de comida na mesa, de sexo na cama, e de vice versa.
Eu não sou de serenatas, de dúzias de rosas. Sou do mais do tipo que te olha dormindo e chora. Sou daqueles que atravessam a cidade para te buscar porque está chovendo. Não sou do tipo que te compara com pinturas raras, mas num sinal fechado vou te olhar sorrindo e passar a mão no teu joelho e te perguntar se tu sabes que eu te amo.
Não sou homem de lingeries sexy, de fantasias alugadas. Não sou do tipo que diz coisas safadas. Sou mais do tipo que te quer de repente, com a tevê ligada. Que te olha sem vergonha nos restaurantes, que diz que quer logo chegar em casa.
Não, não faço o jogo da conquista. O meu forte é manutenção. Não te mando cartas cifradas, mensagens truncadas. Não, nada disso, eu vou de Vinícius, de Chico. Eu descubro teu favorito. Eu estudo teus álbuns de fotografia. Decoro o nome de todas as tuas tias. Eu leio sobre o teu trabalho. Eu te alimento.
Eu pico bem a cebola, tiro a pele do tomate. Eu nunca erro as colheres do açúcar, eu sei quantas pedras de gelo. Eu conheço teus joelhos. Conheço aquela pinta, embaixo do mamilo. Eu nunca aperto a tua barriga.
É, vai ver eu sou mesmo um chato. Mas eu não uso desses truques complicados. Eu não te dou os espanhóis, os russos, os franceses obscuros. Eu te dou a certeza. Ti dou o melhor de mim. O pior é brinde.
Eu sou desses homens óbvios. Não do tipo padrão futebol/cervejada. Não do tipo reserva jazz/autores malditos. Não, nada disso. Sou no máximo um cara comum /melhorado. Esforçado, apaixonado.
Meu amor não vem entre aspas. Vem de louça lavada e paninho na pia. De cara limpa, de rotina, de faxina no sábado. Meu amor é amor de sofá da sala. De compra parcelada.
Meu amor é de todo dia. E de cada dia mais.
Meu amor é desses de hora marcada, sem espera angustiada. Meu amor é desses de me liga qualquer hora, que eu largo tudo e vou aí te dar um beijo. É desses de nem me liga, que tu sabes a hora que eu chego.
Meu amor é de sábados inteiros na cama. Amor de hoje ninguém cozinha, a gente come ali na esquina. Meu amor é desses bobos. Amor de e se a gente viajasse no feriado?
Meu amor é de coisinhas. De hoje eu vim dormir aqui. Meu amor é de detalhes. De olha só o que eu te trouxe. De adivinha aonde nós vamos.
Meu amor não vem entre aspas. Ele vem comigo. E não vai embora. "

p.s.:tive q botar o texto aí ,entre aspas, pq o link não tava funcionando...mas o nome do autor do blog é Lutti e o blog é http://comqueroupa.blogspot.com

Quem puder ,leia!É na mesma linha do meu último post,só q numa visão masculina.É bem bonito...vale à pena conferir.E é bem anterior ao meu...muito interessante.


Ah, Dona Bel...rs...a que some e aparece...o texto tah massa, a dívida tah paga.

AMOCS!

Experiências

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Depois do fim de um relacionamento, ou melhor, do relacionamento mais longo que tive, resolvi (não sei se este é um bom verbo, me pareceu muito resoluto, consciente demais pro processo que foi.. mas por hora, deixa assim mesmo), abrir possibilidades e transformar a minha vida numa espécie de laboratório afetivo, onde fiz algumas experiências, algumas surpreendentes, outras decepcionantes. Fui magoada, magoei, me deixei magoar. Fiz escolhas equivocadas, tentei consertar, nem sempre deu muito certo.

Só que mesmo com estes percalços, tive momentos maravilhosos, surpresas doces, luares, risos indiscretos e quase indevidos, olhares ternos, conversas especialíssimas, banhos de chuva, compras veterinárias, camarins chiques, shows lindos, beijos cálidos, noites/ dias tórridos, pôr do sol, salsas, merengues, afoxés, sorvetes de morango, forrós interestaduais, carnavais loucos, entre muitas histórias, que me fizeram crescer e com todos os defeitos e acertos, ajudaram a me transformar nessa mulher que sou hoje.

Não nego que assim como as meninas, minha reflexão foi baseada no texto das flores e do baobá. Ele me fez pensar muito na minha trajetória, e perceber que ela foi bem florida, cheia de cheiros bons e de beleza, mas ao mesmo tempo, já é chegada a hora de estabilizar, o que não significa querer casamento e filhinhos – pelo menos não agora, mas deixar aflorar a possibilidade de uma história mais comprida, com outros tipos de complexidade e de felicidade.

Penso no meu romantismo cético, (segundo um grande amigo meu) que um relacionamento não é a fonte de alegria e salvação na vida de ninguém, e, portanto, não deve ser também o inferno. É uma parte da vida, que é importante, porque, obviamente não dá pra viver sem afetividade. Seres humanos são bem mais complicados do que gostaríamos. Não dá pra elidir aquilo que por algum motivo está dando errado na vida.

A vida se faz de escolhas, e deus sabe o quanto é difícil mudar e abrir mão dos fantasmas que me ferram ao mesmo tempo em que me consolam, gastando minha energia com coisas que não existem mais, só na minha imaginação nos dias em que a costela tá mais fria. O que foi, foi... Já deu o que tinha que dar, ainda que eu em alguns momentos deseje fazer diferente o que já virou história e sendo assim não tem como mudar, é aceitar o fluxo e transformar no processo...

Tah,Tinha...sakei!

quarta-feira, 23 de abril de 2008



Não quero flores, quero um baobá

Descobri hoje que tenho inveja dos casais que andam juntos, de mãos dadas pela rua. Não uma inveja direta, mas uma inveja da situação. Minha vida é feita de relações falidas. Tenho dois pretendentes do outro lado do Atlântico, ambos me tratam como se eu fosse uma rainha e me prometem amor eterno. De certo, são mais presentes que tantos outros... mas eu queria viver o presente, não fazer coisas pensando no que posso viver daqui a alguns anos.
Tenho o dedo torto para escolher, mas por outro lado, eu noto um desinteresse latente por parte dos outros com relação a mim. E eu não sou esse tipo de pessoa, desinteressante. Ao contrário, geralmente é o que mais eu ouço: 'você é uma mulher da porra!' ou tipo, 'você é a mulher mais inteligente que eu já conheci'. Não, agradeço e tudo, mas preferia ouvir 'você foi a mulher mais gostosa que eu já conheci', ou 'passaria o resto da minha vida com você', e afins.
Minha inteligência não me trouxe nada mais que dois cursos superiores até hoje, e um punhado de amigos, e outro punhado de invejosos. Fora os amigos, nada que eu possa me orgulhar com sangue. É complicado para garotas no clímax da juventude, como nós que vos falamos, não poder aproveitar a época de ouro da vida, da beleza, do furor, e dividir isso tudo com alguém que realmente saiba aproveitar o que temos de melhor. Eu não sou pior que ninguém, não! Reconheço que sou melhor que muita gente. Espero que minha ruína não esteja aí.

Li um texto muito pedagógico hoje, tipo, ele bem utilizado pode ser empregado a qualquer uma que se encontre numa situação similar à que vivo...

NÃO QUERO FLORES, QUERO UM BAOBÁ!
Quero um homem que deseje meu corpo de curvas roliças, meu cabelo que cresce para o alto, minhas ancas largas para guardar filhos e meu cheiro forte de mulher preta.

Não quero flores, quero um Baobá!
Porque a minha boca carnuda, para o meu amor, deverá ser objeto de desejo e deleite, quero que o meu homem entenda o meu jeito de fazer as coisas como os "Os modos de uma rainha caprichosa", livre do pensamento imediatista, plantado em nós pelo colonizador.

Não quero flores, quero um Baobá!
Para que o meu amor saiba que meus seios fartos, além de alimentar
crianças, alimentarão cumplicidade de marido e mulher. E meu corpo, Ah! O meu corpo, tanto quanto o meu homem seja merecedor, será a morada do seu prazer, alento e conforto.

Não quero flores, quero um Baobá!
Porque com meu homem quero construir uma casa, ter um lar, cuidar das plantas, perder noites de sono com as crianças, sonhar juntos
e dormir empernada nas madrugadas frias...

As flores têm vida curta. São vulneráveis ao frio, ao vento, à chuva, ao sol...
O Baobá se ergue em terra firme. O sol e a chuva o tornam frondoso e abundante... Ele pode não trazer o perfume e a beleza das flores, mas tem força, longevidade e sob sua sombra, eu posso abrigar todos aqueles que são meus.

Não quero flores, quero um Baobá!
Urânia Munzanzu

Quero poder sentir meu sangue palpitar e minha espinha gelar novamente. Do contrário, acho que virarei uma pedra. Não gente.

Que coisa é essa... que sou.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Quem eu sou não é mais a pergunta correta para o momento. Eu me pergunto agora o que sou. O que posso vir a ser.
Tenho 24 anos e me pressiono como se eu tivesse 44, 3 filhos, aluguel, prestação de carro, quando tudo que tenho meu mesmo são alguns cd's e dvd's, um relógio, milhões de mp3 e uma gata. Não construí nada até hoje e esse é meu pesadelo.
Sou famosa por estar sempre no lugar certo, e na hora errada. Por falar as coisas certas, em horas erradas. E por conhecer pessoas certas em horas erradas. Totalmente perdida. Tenho medo de colocar tudo a perder e acabo colocando, pois meu orgulho me engole, eu não gosto de hesitar e por causa disso me causo sofrimento sem necessidade. Não consigo ser uma jovem padrão, que abdica de prazeres mundanos em prol de um futuro. Se eu não me sinto legal, tudo vai pelo ralo: trabalho, carreira, amigos, amores. Não tenho uma linha a seguir, vivo em busca de algo pelo qual valha realmente a pena morrer. Algo suficientemente bom para que eu dê meu sangue. Novos erros. Gosto de sentir a navalha entrar mas tenho medo de tirar ela de mim. Não por medo de sangue, mas por medo do vazio. O que sou morre de medo do vazio.
Tenho tesão por empreitadas impossíveis e por achar que o mundo é do jeitinho que eu imagino, por isso, quase tudo dá errado. Quase. Por outro lado, o que sou tem algo de grandioso, de convicto, de verdadeiramente bom; que as pessoas geralmente usam, abusam, e não dão o valor que realmente deveriam dar. Meu orgulho e minha modéstia são tamanhos que eu não faço nada a troco de nada, aliás, ninguém faz: a diferença é que eu não ando aos quatro cantos dizendo o contrário. Faço o bem para que você faça o bem pra mim. Altruísmo já provou não funcionar há mais de 2008 anos.
Nem tanto individualismo. Mas o que sou tem um tanto de autopreservação. Talvez por isso afaste um pouco as pessoas. Já se configurou algo extremamente popular, hoje é algo para poucos e eu me sinto necessariamente feliz com o que sou nesse ponto. O mundo tende a não aceitar convicções fortes, portanto... o que sou vive de fato sozinho. Ou, deixado de lado.
O que sou compreende que precisa de um vir a ser. Uma razão para vir a ser. Mas os alicerces se encontram firmes e fortes, no chão, onde tudo pode brotar. Para isso, ocupar o tempo vazio ajudaria muito. Mas, não tenho como ocupar esse tempo, por enquanto. Acredito que embora a maneira de lidar com as coisas seja diferenciada, acho que sou como alguma parte das jovens de 24 anos que se cobram por não ter construído nada... O que sou tem medo do vazio, e o vazio é iminente. Meu vir a ser só terá sentido fugindo desse vazio...

Primeiro Post.

segunda-feira, 21 de abril de 2008


Nesse blog, na verdade, eu quero reunir textos de histórias do cotidiano real de mulheres de carne e osso, como eu...
meninas-mulheres,princesas-bruxas,barbies-suzys,donzelas-guerreiras...à espera do príncipe ou correndo atrás deles.Tentando ser independentes e precisando de colo ao mesmo tempo.Histórias ,a
príncipio,de três mulheres de vinte e poucos anos, que estudam,trabalham,sonham e bebem, vez em quando,com amigas em alguma bar com música baixa o suficiente pra conversar,e pouco homem idiota pra perturbar.Vez ou outra,saem à procura destes mesmos "homens idiotas"...mas que ,geralmente,saem pra contar as tais histórias umas às outras,contos reais de fazer rir,outros de fazer chorar...buscando só ouvidos, ou também conselhos,sermões...cada uma com sua trajetória,com seus objetivos...com seu ritmo.
Eu,que aqui vou usar um apelido de infância (Billie Jean),de maneira resumida posso me definir como uma mulher de 25 anos,um filho,sem carreira definida,morando ainda com a família,ainda na faculdade,vinda de um relacionamento longo cheio de decisões imaturas,angustiada com o que fazer da vida,com a velocidade do tempo,com o passado de fracassos...com um futuro que precisa vir rápido.Futuro de acertos,de paz,de constância.Atualmente solteira,desempregada, e tentando manter o olhar lá na frente,no objetivo e não nas dificuldades.Tentando não perder a força e a esperança.Vendo no sorriso do filho a felicidade tangível.
No mais, aguardem histórias divertidas,outras tristes,todas existencialistas até nas futilidades...rs...
mais.
[Billie Jean]

 
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