Memórias em dó maior.

sábado, 20 de novembro de 2010

Sabadaço. Eu e minha gata, ela ainda melhor que eu, porque está dormindo e eu não possuo planos recentes para isso. Namorado viajando, a uma hora dessas em coma alcoólico, mas nem estou ligando muito. Juro ter querido entrar numa sala de bate papo, mas só de ver aquelas criaturas medindo o tamanho do pau, me tirou todo o tesão. Não que eu quisesse nada, não posso nem pensar em ousadia, porque estou tratando uma crise de candidíase (calma, sou limpinha, eu tenho problema metabólico, quando estou com a imunidade baixa essas coisas aparecem). Ou seja, tou na merda total. Deprê. Quando eu ia entrar no orkut da minha gata, lembrei que eu tinha feito aquele email para alguma traquinagem, e voilá! quão doce surpresa me pôs um sorriso na cara, mesmo depois de tantos desmaios hoje... E que me prova mais do que nunca que preciso de uma transfusão de juízo.

Há 3 anos atrás, me apaixonei perdidamente por um homem. Mais velho, muito mais velho. Professor da pós. Doutor em Música. O resto, é melhor que eu não fale, pra não dar bandeira...
Pensava neste homem dia e noite e vice versa. Doentio. Imaginava que ele largaria a esposa (se tivesse, até hoje eu não sei) por minha causa. Que tocaria violão pelado para mim. Que era tão doido por mim (até hoje acho que ele teve lá suas quedinhas, kkk) quanto eu era (oi?) por ele. Juro a você, querido leitor, que só ia pra faculdade na expectativa de vê-lo, gastava dinheiros vários com almoço podendo comer em casa. Só, somente só, para vê-lo.

Mas qual é o propósito dessa verborréia toda? Lembrei do motivo para ter feito o email fake. Para mandar um email para ele, vide eu não suportar mais a pressão daquela paixonite. E fiz. A senha do email é o nome dele, e o login leva Eurídice, a mulher de orfeu, deus da música, nada mais apropriado, afinal a ocasião necessitava uma generosa dosagem de lirismo. Resumindo, mandei. E foram dois:

19/11/2007
Minueto...

..ou de repente... um 'allegro'... quem sabe um 'requiem'... mas é simples como um minueto mesmo. Nem sei o que estou falando direito, não entendo de música erudita tanto quanto pessoalmente admiro, nem estou tentando impressionar (que paradoxo seria tentar impressionar com algo que não se sabe bem...), mas, direto ao ponto. Simples, como um minueto...

Olá, Leonardo...

...até hoje encontro-me hipnotizada pelos seus olhos. Não só por eles, mas pelo conjunto do olhar. Estive ao alcance do fitar deles dias atrás, e até hoje estou hipnotizada. Acho que é só.

Eu precisava encontrar um meio de te dizer isso. Infelizmente, só encontrei o seu email institucional... enfim.

Resposta? Não, óbvio. Mandei, louca, pro email institucional, pro email de trabalho... Além de ser 30 anos mais velho, poderia me doar um pouquinho de juízo. Mas claro, leonina que sou, não desisto até tomar uma pelo meio da fuça. Então, pois, mandei outro que, advinha, também nao obtive resposta. Não entendo como essas palavras conseguem brotar em mim, a única coisa que posso dizer com certeza é que não lembrava de nada que estava escrito nessas mensagens. A que vem a seguir me emocionou; só a pessoa sendo um bloco de gesso para não procurar saber quem foi a louca apaixonada que escreveu tão doces palavras... ok, não há espaço para vaidade agora...


18/12/2007

Nesse fim de ano, gostaria apenas de felicitar-lhe, de te desejar tudo de belo.
é apenas mais um ano que se finda, para mim o primeiro de tantos em que me lembrarei sempre que soarem as doze badaladas do brilho de um certo olhar que encontrei para mim em um novembro qualquer. E ao qual ponho-me, e sempre, a contemplar apenas, e com resignada distância... Não quero que o encanto se perca. Foi um prazer encontrar (e reencontrar) você.

Saúde e paz, ademais, corremos atrás.

Saudações,
E.

Emocionante. Repararm o detalhe da assinatura? E., de Eurídice. Juro que me emocionei quando li, eu tinha perdido até a noção do quanto eu era apaixonada por ele. Os olhos dele, negros, da cor do seu cabelo, contrastando com a pele branca, não que eu goste de homem branquelo, mas ele parece um boneco. Ai como eu queria (oi?) ele para mim. Jurava que ia fazer dele o homem mais feliz do mundo.

O tempo foi passando e fomos nos encontrando com mais frequência pelos corredores da faculdade, trocávamos algumas palavras, sentia sempre que ele estava um tanto sem graça perto de mim, ficava vermelhinho... e eu, mais sem graça ainda, porque era totalmente apaixonada, mas dados os fatos, precisava sim me resignar. Talvez eu quisesse viver alguma aventura diferente também, emocionante, platônica, não sei. Sei que hoje eu estou em uma relação estável, mas só de lembrar da alegria que eu sentia em saber que ele existia ou poderia estar por perto, me dá vontade de girar o disco ao contrário e, quem sabe talvez, ter aproveitado melhor alguma oportunidade de abertura, de diálogo, de me confessar. Porque essa aventura era certa, no meu coração e na cabeça de pessoas que puderam vivenciar comigo essa situação.

Até hoje ainda fico pensando se ele lembra de mim, se ele realmente sentiu alguma coisa ou se sentia somente que eu realmente era apaixonada por ele. Posso ter passado isso, mas duvido muito. As minhas amigas sabem que eu consigo guardar paixões como numa caixa de pandora, coisas que eu tenho certeza que morrerão comigo. Bom, tenho que confessar que, embora eu esteja em outra fase da minha vida, ainda tenho o coração aberto, porque penso que a paixão que se sente na hora é melhor do que aquela que contruímos com o tempo, que edificamos; também por eu ser um ser humano que vive no limite da razão ou, arrisco dizer, muitas vezes além dele. Por isso, ao tempo que faço contas para o aluguel e penso num trabalho melhor pra poder constituir minha família, a que eu construí, momentos como esse que eu vivo agora, de introspecção e total afinidade entre meu corpo e minha alma, lembrar daqueles olhos negros brilhando, procurando os meus em uma platéia com bem mais que 100 pessoas, me fazem lembrar que a vida pode valer a pena. E se dizem que o amor nunca morre, pois é, eu ainda estou aqui, me sentindo melhor numa noite solitária de sábado, com o meu olhar fixo numa lembrança em meu pensamento. Ele, minha lembrança, a mais doce das lembranças. Foi uma época maravilhosa, disso tenho certeza.



" - Oi.
- Oi...
- Como você chama?
- Marta...
- (risos)
- Você é da Facom, não é?
- Sou...
- hmmmm...
- Prazer, Marta. Me chamo Leonardo.
- Prazer, Leonardo. Agora já nos conhecemos.
(...)"

Dedicado a Leo, a nossos sussurros e a nossos contatos epidérmicos, todos sempre passeando pelos meus sonhos...

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