Celibato intelectual ou algo que me valha.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Passada a euforia de ter feito 25 anos e a descoberta de que é tão normal quando fazer 24 ou 23, salvo por algumas linhas de expressão no canto dos olhos - segundo minha própria mãe, do exercício do sorrir: sim, minha mãe me disse que eu sou feliz, e isso muda muita coisa, meu pé-de-galinha passou de tenebroso sinal de idade para uma orgulhosa prova de que eu não sou essa psicomaníaca depressiva a qual às vezes eu acredito ser, ou me fazem acreditar que eu seja - me encontro em meio a um dilema existencial daqueles de inspirar roteiro pra Sofia Coppola. Após mais uma daquelas, bem, como dizer melhor... baldeadas de água pela cara, resolvi acordar pra vida e vi que eu só tenho dois caminhos a seguir: ou eu me solto de vez na vida e triplico minha quilometragem, ou eu entro no que apelidei carinhosamente de celibato intelectual.

Não sei, necessito dos dois. Pra me sentir viva, pulsante. Quero meu cérebro pulsando, e eu voltando a ser aquela pessoa brilhante da qual tantos professores meus já se orgulharam, de brilhar os olhos, mas não por eles, por mim. Por outro lado, gostaria de me sentir viva, pulsante, escolhendo o lado para o qual eu devo, bem... emanar mais simpatia. Sinto que as duas partes de mim estão murchando, e por minha causa, por justamente me sentir um pouco estafada de nadar contra a corrente e de apontar o dedo para onde não devo.

Nem assoprei velas esse ano, mas eu tenho certeza que é culpa dos pedidos específicos que eu faço quando eu inicio o ano. Parece coisa de menininha adolescente que faz aquelas simpatias de revista de menininha adolescente, de mel no papel na lua cheia e pétala de rosa na lua nova, enfim... mas os pedidos são sempre específicos. Talvez se eu generalizasse mais, pedisse um emprego bom, ou uma pessoa boa, ou uma viagem legal, eu não sofresse tanto. Mas sempre programo tudo na expectativa de que meu pedido seja atendido por inteiro e na íntegra, com todos os pontos e todos is. Maldito idealismo meu.

Talvez seja ideal eu me fechar no celibato intelectual mesmo. Livros, poeira, papéis, e meu lindo par de óculos que, de tão lindo, não uso publicamente há alguns anos. Mas isso não seria em um sinal panfletário de revolta nem nada parecido, é que eu realmente preciso de uma medida drástica, ultimato. Para ver se alguma coisa muda. Sabe quando você se sente nervoso, agoniado de tanto dizer "tudo na mesma"? Ou, parafraseando a mim mesma, "que...". Em meu celibato, eu vou produzir muitas coisas. Textos, artigos, coisas legais, e sempre que alguém me perguntar "e aí, o que tem feito?", eu vou dizer "escrevi um artigo", ou "escrevi uma crônica", ou meu sonho de vida, "estou escrevendo meu primeiro livro".

Será que minha vida é realmente fadada a estar presa dentro de mim, das minhas divagações e no que eu idealizo p'ra ela, ou um dia ela poderá sair de dentro de mim batendo asas e quando ela chegar, milhas à frente, olhar para mim e me chamar, mas em um gesto tão inesquecível que me faria correr todas as milhas em uma velocidade de tufão sem cansaço, só pelo simples gosto de correr atrás do que me move, do que me chama, do que eu realmente persigo? Detesto ter que pensar que a uma altura dessa eu ainda não sei o que eu quero, embora ninguém nunca saiba. Quero escrever um livro, quero correr o mundo e colecionar paixões, quero emanar simpatia para aquele que eu escolher. Mas o que fazer quando nossa relação com o óbvio se encontra tão fraca a ponto de você tomar cuidado com o elo que une ele a nós, uma vez que um grito mais alto de euforia ou desespero pode transformar esse elo em pó?

Sinto-me fraca, incapacitada, burra, desmotivada. Upgrade... mais que necessário. Ainda bem que meus pés-de-galinha me fazem sentir menos pior... Quanto mais o tempo passa, menos vontade eu tenho de cirurgia plástica. Alguém quer comprar um Renew?

4 comentários:

Anônimo disse...

Querida, quando nos sentimos perdidas precisamos sim, de um tempo para nós mesmas. Colocar as idéias em ordem. Você se sente velha, mas é muito nova, ainda tem chance de dar uma virada. Acho que você está no caminho certo, optando pelo celibato.bjs, Renata

Anna Oh! disse...

Tem horas q me sinto assim; a vida parada, ainda não trabalho na minha área, parece q tudo anda tão devagar (qdo anda!); mas, bom, a gente toca a boiada, não é? Algumas demoram um pouco mais na travessia, tem piranha no rio, pedra, tuuuuudo. alguns boizinhos morrem, mas o importante é ter o dom de tocar. (insipranção meio Almir Satter, assim... mas escuta "Tocando em Frente")

Tinha disse...

sabe, eu acho Almir Sater um gato, se ele me quisesse eu dava de boa...
mas essa música é linda mesmo... "todo mundo ama um dia, todo mundo chora, um dia a gente chega, no outro vai embora..."

é, eu ainda diria que é mais pra Roda Viva mesmo, de Chico, se eu fosse fazer uma analogia mais justa... mas enfim, a gente tem que levar mesmo. É que bate um desespero às vezes danado! hahahaha

Unknown disse...

Primeiramente,

Mto bom o seu texto, tb acabo de completar os meus 25 aninhos e detalhe, vc me fez ir ao espelho e checar se estou com pé de galinha!!!!!!

Enfim, acredito que o maior desafio para tudo o que escreveu no blog e deixar as coisas acontecerem... estude, leia, grite, sorria, jogue conversa fora, AME mais, VIVA!!!

deixe os problemas de lado...

adorei conhecer um pouquinho de vc neste texto

beijos

 
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