In The Eve...

sábado, 14 de junho de 2008

Odeio vésperas, de qualquer coisa que seja. Sou agoniada demais para viver vésperas. Tão agoniada que tomei dois Dramim pra dormir, e mesmo assim, não consegui. Cochilei por duas horas nervosamente e acordei de supetão às 5 da tarde, esperando que o dia estivesse amanhecendo, e não abaixando. Enfim.
Independente do que aconteça amanhã, eu quero deixar aqui tudo que eu estou sentindo hoje, para vocês, minhas amigas, enfim.
Eu compreendo que o que eu fiz não foi algo louvável, mas foi sem querer. Voltei da rua naquele dia com muito medo, medo de olhar pra frente. Eu lia meu livro no ônibus sem paz, eu olhava para os lados, desconfiava de tudo e de todos, minha carne tremia corpo abaixo, como treme até agora, de medo. A pele dói, de medo. O mais estranho é que medo nunca foi um sentimento que eu tivesse afinidade, aprendi com a vida a ser destemida, a enfrentar tudo, mas de uns tempos para cá, me tornei uma pessoa insegura, vacilante, e naquela segunda-feira, eu comecei a sentir coisas muito estranhas nas minhas entranhas.
Infelizmente ele foi a primeira pessoa que veio falar comigo. Estava cansado, mas eu desconfiei. Tínhamos passado a véspera juntos, o dia seguinte sempre é uma surpresa. Mas eu já acordei angustiada naquela segunda-feira. Mas ficou tudo bem, embora eu tivesse agoniada com a distância dele, não sei por que compreendi como distância, enfim. Mas me segurei.
Na terça, ele insistiu no cansaço, e na terça, eu sabia que alguma coisa de muito ruim iria acontecer comigo, e eu tive medo primeiramente de morrer, em algum atentado, assalto, chacina, não sei. Ando assustada. Ele falou comigo. Disse que continuava cansado. Eu não me segurei e perguntei por que ele estava distante. Ele disse em outras palavras que era coisa da minha cabeça aquilo, que ele apenas estava cansado, e uns 30 minutos depois disse que achava melhor dormir. Não, não estava ok. Minha carne tremia loucamente. Vou explicar.
Esse ano começou meio complicado para mim. Eu quebrei um elo dentro de mim que havia sido unido no cosmos, e foi bastante difícil. Quebrei, numa atitude egoísta, numa atitude de amor próprio, e achava que nunca ia sentir dor igual em minha vida. Afastei de mim o homem que eu acreditava amar por uma era inteira. Um amor silencioso, mas devotado. Amor que me mudou do cóccix ao pescoço. Foi uma vida devotada a esse homem que simplesmente ouviu-me dizer que eu ia me afastar, diante dos motivos dados, sem dizer nenhum "espera, vamos conversar". Estado de choque, prometi que ficaria sozinha pelo resto da minha vida. Chorei o que não tinha, sofri o que não devia, mas sobrevivi.
Mas eis que cai outra pessoa de pára-quedas em minha vida, e pela primeira vez, eu não precisei fazer nada, ela apenas se preocupava comigo. Nem me conhecia, me dava força, me dava carinho, ria comigo. Não vou mentir, que quando ele aparecia no msn, antes de nos conhecermos, meu coração palpitava de alegria. Todo mundo percebia que mesmo em meio a tanto estresse, eu tinha cá dentro de mim algo que me levantava a moral. Sim, era ele. Nos vimos, e quando eu olhei nos olhos dele, senti gosto de doce na boca. Não, não foi nada à primeira vista, mas eu vi ali algo de grandioso, algo de perspectiva, algo que eu não sentia há alguns anos, nessa minha vida de idas e vindas e de magnetismo repulsivo. Nos vimos mais uma vez, e por não aguentar mais, ao menos falo por mim, a falta. E aí, aconteceu a desgraça.
Me descobri com um carinho todo especial por ele. Não era paixão, paixão é coisa frívola. Mas sentia uma vontade enorme de estar perto, vontade de ouvir a voz, de sentir o toque... absolutamente natural, duas pessoas bacanas envolvidas em um sentimento bom. Tudo que eu menos queria era perdê-lo de vista, posso ser exagerada, mas ele foi a melhor coisa que me aconteceu esse ano. Pedia sempre por alguém que me protegesse, que se preocupasse comigo, que fosse acima de tudo homem, sério, bacana, que não se importasse se eu xingasse muito e que soubesse se impôr às coisas da vida sempre com um ponto de vista a se discutir. Ele tem tudo isso, tudo que eu pedi. Um homem íntegro, um homem bom, diferente de todos os aventureiros que passaram em minha vida para tirar vantagem de mim, se aproveitando da minha boa vontade, meus ideais, minhas verdades. Mesmo que a primeira frase que ele tenha falado para mim, e que eu não me esqueço, após nosso primeiro beijo, tenha sido "sou um cara problemático". Não importavam para mim os problemas dele, também tenho os meus, queria que a nossa vida juntos fosse algo a parte de tudo isso, do egoísmo do mundo, da prepotência da nossa família, das vicissitudes das nossas vidas.
Minha vida não anda um mar de rosas. Meus músculos tremem de medo de nada dar certo para mim. Mais uma vez estou fracassando em minha vida acadêmica, e mais uma vez estou sendo pressionada de todos os lados. Sinto vontade de sumir a cada minuto, por ter medo do minuto seguinte, do que pode acontecer. Em meio a tudo isso, estava ele, me dizendo apenas que estava cansado e que achava melhor dormir, numa conversa cheia de lacunas. Não sei o que deu em mim, mas eu, de forma nada branda, falei a ele tudo que, não sei, me incomodava. Mas, era como se não fosse eu. Eu reli o que escrevi hoje, não tive coragem antes; lembro de ter ficado com muito medo de que ele fosse como os outros, misturado com o medo de perdê-lo diante de alguma bobagem que eu havia feito enquanto estávamos juntos, não sei. Muito medo para uma pessoa só. E fiz. Falei a ele que eu caí. E os motivos pelos quais eu havia caído.
Claro, ele interpretou da pior forma possível. Tomou como susto, ficou assombrado e se afastou de mim durante dias. Entrei em pânico, sem entender como que Deus, se existir, poderia permitir que eu afastasse de mim as coisas que eu gosto. Sim, diante de coisas desse tipo, eu tenho que duvidar, apesar de acreditar. Pois, tudo bem que existe um quê de pedagogia informal nisso tudo, mas anos seguidos, é complicado. Agora, ele está assustado comigo. Disse a mim hoje que não é exatamente isso que ele gostaria de ter na vida dele, e eu estou sentindo dentro de mim uma dor maior, superior, a dor que senti quando eu afastei o outro lá de cima da minha vida de uma vez por todas. A minha dor envolve arrependimento, envolve medo, envolve sentimentos mais profundos; a minha dor é a dor de uma mãe que engravida e que ouve do pai da criança que aquele filho está vindo numa circunstância indesejada, e que para ele é melhor que se ceife a vida da criança, para que ela não venha ao mundo para ser rejeitada.
Existe algo muito bonito querendo nascer dentro de mim, por ele. Hoje é véspera. Amanhã conversaremos sobre o assunto, e tudo que eu mais queria é que ele acreditasse que o que eu fiz foi sem propósito, sem querer, apesar de ter machucado. Mesmo tendo doído, sou um ser humano e mereço algo como uma chance, que seja. Pela primeira vez, estou engolindo meu orgulho, que já teria me feito deixar tudo pra lá, em torno de algo que eu vou lutar, pois eu acredito que vale a pena. Vou pedir a Deus hoje com todas as minhas forças, que a coisa certa seja o que eu espero que seja. E que se não for o que eu espero, que me dê forças para continuar, que abrande esse medo do meu coração. Senão, tudo me levará a crer que eu de fato não sou uma pessoa "amável", nasci para vagar sozinha pelo mundo, sozinha, sozinha.

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