Algo como a porra da saudade.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ontem fui dormir contrita. Os olhos doíam de tantas lágrimas derramadas por coisas que mais uma vez, se alguém me perguntasse, eu não saberia dizer, mesmo contando milhões delas. Não saberia distinguir quais eram as minhas algozes, não. Misto de dor e agonia, misto de dor com várias coisas. Misto de dor com ansiedade, talvez. Fiz uma pessoa sofrer sem necessidade, ajudei outra que estava sofrendo. E fui dormir contrita.
Acordei contrita. Misto de dor e ansiedade, talvez. Minha rotina diária de acordar e sair sem comer se seguiu, segui meu caminho de todos os dias, mas contudo, hoje tinha algo de diferente no meu caminho de todos os dias. Não mais que de repente me senti um pouco leve, mais leve do que eu estava ontem, ou na hora que eu acordei. Percebi que queria chorar, mas não tinha mais lágrimas. Segui meu caminho até a faculdade, e chegando lá, respondi minha prova. Respondendo minha prova com certo teor panfletário, me veio algo no peito, algo como saudade. Saudade de quando eu era idealista e saudável, e não um saco oco que corre em busca da primeira coisa que o encha. Sim, eu era feliz, quando saía por aí levantando bandeiras, quando acreditava num mundo melhor e melhor ainda, quando acreditava que eu podia mudar o mundo com o que eu acreditava. Hoje em dia, só acredito no amor - esse momento me invadiu enquanto eu fazia a prova, e aí eu senti algo como saudade novamente. Saudade de quando eu era não mais que uma brisa leve pelos cantos do mundo, e encantava. Mas acordei da minha divagação e lembrei de outra saudade, saudade daquele a quem eu fiz sofrer. Lembrei de uma ou duas palavras ditas que aguardavam resposta, e fiquei ainda mais agoniada para sair daquela sala, daquela prova panfletária, das minhas divagações ideológicas e retornar ao meu mundo real, eu, e a minha dor, que poderia ser um misto de ansiedade e saudade.
Já em meu mundo real, lembrei que nem só de saudade ele se faz. Coisas que fiz, coisas que consenti, voltaram-se contra mim, e a minha dor, naquele momento, tornou-se um misto de saudade e medo. Medo de não seguir em frente, saudades do passado. Um passado nunca envolve um presente, o passado renega o presente, e do futuro eu tive medo. Fiquei horas caminhando, abraçada aos meus livros, meus eternos amantes e companheiros, os que não me deixam sentir saudades, por estarem sempre presentes. Caminhando sozinha, lembrei que eu sentia saudade de ter alguém por perto para contar os meus problemas, alguém com quem eu pudesse chorar. Lembrei que meus amigos estavam ao meu lado no passado, que aquele a quem eu fiz sofrer se encontrava num presente inalcançável e que eu me encontrava sozinha e apavorada com o futuro. Lembrei que por mais que eu tentasse chorar, estava esgotada, pois havia chorado tudo que poderia de véspera. E, assim, compreendi que esse dom que me foi dado, de sofrer antecipadamente, é só uma forma para que eu não demonstre fraqueza em frente aos outros. Essa fortaleza melindrosamente feita de isopor: por fora, perfeita. Toque, e verás a verdadeira verdade. Como num lindo cenário de alguma encenação teatral.
Fui dormir contrita, acordei contrita, fiz alguém sofrer, sofri, errei, tenho medo do que possa acontecer daqui a um minuto, estou ansiosa com o que possa acontecer daqui a um minuto, e algo como a saudade é a única coisa que me conforta nesse momento...

1 comentários:

Kelly C. disse...

Quase não reconhecí esse seu texto,Tina...sei lá,tem algo diferente...a gente sempre lembra bem de qdo éramos brisa...tão bem q quase conseguimos tocar a imagem de como éramos...
enfim...tempo bom q não volta nunca mais...melhores dias virão...

 
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