Eu vi meu sonho, e ele era lindo.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

De repente me vi em um lugar bonito, respirando um cheiro bastante familiar, algo que me lembrava casa, lar. Um cheiro de café passado, de banho tomado, de pão queimado... era manhã, e eu me arrumava para algum lugar com a destreza de quem o faz todos os dias. Não era novidade nenhuma para mim aquela rotina, e a única diferença era que eu me sentia feliz com ela.

Não havia ninguém em especial, nem nada em especial. Eu podia simplesmente virar o olhar e reconhecer todas as coisas que eu gosto e algumas outras que sempre quis ter ao meu redor, sem surpresas, porque eram minhas, eu já as tinha conquistado. Mas como eu estava feliz na minha mesmice! Sentei no meu divã e tomei minha xícara de café preto bem doce, de calcinha e sutiã porque o calor estava enorme, e de toalha na cabeça. Abri a internet e li as últimas notícias, abri meu messenger e lá estava uma mensagem do meu homem português dizendo que estava me esperando. Sim, dali a quatro meses e cinco dias eu estaria embarcando para Lisboa, para encontrar ele e finalmente colocar nossos pontos nos is. Outra mensagem, do outro amarelinho, dizendo que no final do ano estará aqui, eita nóis, mal chegarei de Lisboa já irei para a Ilha. Emails das minhas sobrinhas, dizendo terem saudades, e algumas lágrimas caem do meu olho nesse momento, por querer estar perto delas nesse momento tão especial que é o início de tudo. Mas enfim, respondo carinhosamente, a todos eles. Saio dali, gasto mais cinco minutos... só o tempo de contemplar aquela manhã da minha janela. Escolho uma roupa e saio. Bem bonita, claro.

Quando saio de casa, surpresa. Ninguém naquelas ruas de paralelepípedos. Pensei: hoje é domingo? Não pode, eu olhei o noticiário. É uma quarta-feira, e como todas as quartas-feiras, a rua deveria estar cheia de pessoas com caras de meio-de-semana. Enfim, segui andando, quartas-feiras são sempre inusitadas. Resolvi aproveitar as ruas vazias e ir ver o rio.

Na balaustrada, uma única pessoa. Um homem, lindo. Mas eu não conseguia olhar para ele como eu olho para todos os homens lindos, eu simplesmente sentia uma ternura tão imensa por ele como se ele já fosse verdadeiramente meu, e tive a sensação de que sem ele, eu não existiria ali naquele momento. Mas eu não o conhecia. Continuei minha andada, pedindo a Deus, claro, que ele não fosse nenhum algoz. Ele veio em minha direção e eu disfarçadamente mudei a minha, até que ele me chamou e disse "por que foges, eu só estou aqui por sua causa".

Naquele momento eu quase tive um colapso. Aquele homem lindo, naquele lugar típico, por quem eu tinha sentimentos afetuosos e uma possessão que eu não sabia explicar, olha para mim e me diz que só está ali por minha causa. Soltei um descrente "eu devo estar sonhando, só posso". O homem lindo, sorri docemente para mim e diz: "e você está. Eu sou teu sonho. E só vim até aqui hoje para que você me veja, veja o quanto você me deseja não só por eu ser bonito, mas por estar sempre pelo seu caminho, e por estar em todas as mínimas coisas que você faz e gosta, no cheiro do seu café, e até quando você queima seu pão e agradece por não ter quem reclame por isso. Estou aqui para dizer a você que eu estou lhe esperando, esperando por você que me abrace, me diga que você me quer e que vai lutar por mim, nem que seu esforço te esgote, enfim, minha recompensa para você nada, nada que você imagine poderá pagar."

Eu fiquei ali parada, em frente ao meu sonho, esperando que eu despertasse daquele sono, mas nada aconteceu. Ele me olhava e sorria, e eu olhava pra ele e não conseguia esboçar nenhuma reação exagerada, era como a reação comum de um cidadão diante de uma verdade absoluta. Não há como reagir, pois nada vai superar aquilo. Ele simplesmente me abraçou, beijou minha testa e seguiu pela esquina, sem dizer nenhum ' nos encontraremos novamente', ou algo parecido. Eu fingi não me inquietar com aquilo, mas não teve jeito, continuei ali, pensando. E de repente, quando o tempo ainda parecia parado, escutei uma galhofa de crianças correndo pela rua, alguns velhinhos e seu bom humor passavam por mim me desejando bom-dia, o ronco dos motores dos automóveis e a inquietação deles com os motociclistas, vozes familiares, outras não... e percebi que era hora de seguir em frente, pois nunca é cedo nem tarde para lutar pelo que a gente mais quer nessa vida.

Clichê, não? Mas o gostoso de viver é justamente saber que o que nós verdadeiramente queremos é o que está dentro do que nós verdadeiramente fugimos. E um dia, mais cedo ou mais tarde, por circunstâncias várias, nós descobrimos... e nem é tão ruim assim descobrir.




(Minha Kell, minha Bel, esse vai para vocês, digo... nossos sonhos lindos, grandiosos ou não... eles nos merecem).

2 comentários:

Anônimo disse...

o negocio com os links resolvido!
agora vou ler o post de vcs! XD

Anônimo disse...

êita, q sonho eh esse???
vcs mulheres hein... mas curti o texto, escreve muito, uma riqueza de detalhes muito legal pra quem lê.

ah... uma coisa... quando vamos comentar, abri outra pagina do blog e soh então nessa pagina q pode clicar pra comentar, ai abre uma janela menor e eh feito o comentário... vcs podem mudar isso, fica mais rapido!

abraço!

 
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