Que coisa é essa... que sou.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Quem eu sou não é mais a pergunta correta para o momento. Eu me pergunto agora o que sou. O que posso vir a ser.
Tenho 24 anos e me pressiono como se eu tivesse 44, 3 filhos, aluguel, prestação de carro, quando tudo que tenho meu mesmo são alguns cd's e dvd's, um relógio, milhões de mp3 e uma gata. Não construí nada até hoje e esse é meu pesadelo.
Sou famosa por estar sempre no lugar certo, e na hora errada. Por falar as coisas certas, em horas erradas. E por conhecer pessoas certas em horas erradas. Totalmente perdida. Tenho medo de colocar tudo a perder e acabo colocando, pois meu orgulho me engole, eu não gosto de hesitar e por causa disso me causo sofrimento sem necessidade. Não consigo ser uma jovem padrão, que abdica de prazeres mundanos em prol de um futuro. Se eu não me sinto legal, tudo vai pelo ralo: trabalho, carreira, amigos, amores. Não tenho uma linha a seguir, vivo em busca de algo pelo qual valha realmente a pena morrer. Algo suficientemente bom para que eu dê meu sangue. Novos erros. Gosto de sentir a navalha entrar mas tenho medo de tirar ela de mim. Não por medo de sangue, mas por medo do vazio. O que sou morre de medo do vazio.
Tenho tesão por empreitadas impossíveis e por achar que o mundo é do jeitinho que eu imagino, por isso, quase tudo dá errado. Quase. Por outro lado, o que sou tem algo de grandioso, de convicto, de verdadeiramente bom; que as pessoas geralmente usam, abusam, e não dão o valor que realmente deveriam dar. Meu orgulho e minha modéstia são tamanhos que eu não faço nada a troco de nada, aliás, ninguém faz: a diferença é que eu não ando aos quatro cantos dizendo o contrário. Faço o bem para que você faça o bem pra mim. Altruísmo já provou não funcionar há mais de 2008 anos.
Nem tanto individualismo. Mas o que sou tem um tanto de autopreservação. Talvez por isso afaste um pouco as pessoas. Já se configurou algo extremamente popular, hoje é algo para poucos e eu me sinto necessariamente feliz com o que sou nesse ponto. O mundo tende a não aceitar convicções fortes, portanto... o que sou vive de fato sozinho. Ou, deixado de lado.
O que sou compreende que precisa de um vir a ser. Uma razão para vir a ser. Mas os alicerces se encontram firmes e fortes, no chão, onde tudo pode brotar. Para isso, ocupar o tempo vazio ajudaria muito. Mas, não tenho como ocupar esse tempo, por enquanto. Acredito que embora a maneira de lidar com as coisas seja diferenciada, acho que sou como alguma parte das jovens de 24 anos que se cobram por não ter construído nada... O que sou tem medo do vazio, e o vazio é iminente. Meu vir a ser só terá sentido fugindo desse vazio...

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